quarta-feira, 10 de novembro de 2010

10 de novembro: data da morte de Rimbaud


10 de novembro de 1891 (Marselha, França): morria o poeta Arthur Rimbaud, para - usando o clichê dos clichês - cravar seu nome na eternidade.
Considerado tanta coisa: do pré/pós ou simplesmente simbolismo; do pré-modernismo; precursor do surrealismo(?) e tantos outros ismos (escolha o seu!, o que nem sempre vai dizer algo de tão relevante, pois corre o risco de cair no mero historicismo - outro ismo).
De qualquer forma, o nome de Rimbaud parece carregar essa sina: falar de sua obra é falar de sua vida, e vice-versa. Com a palavra, Paulo Leminski (falando sobre Rimbaud no texto "Poeta roqueiro"):

"...o primeiro marginal. Vivesse hoje, Rimbaud seria músico de rock. Drogado como o guitarrista Jimi Hendrix, bissexual como Mike Jagger, dos Rolling Stones. "Na estrada", como toda uma geração de roqueiros. Nenhum poeta francês do século passado teve vida tão "contemporânea" quanto o gatão e "vidente" Arthur Rimbaud. Pasmou os contemporâneos com uma precocidade poética extraordinária — obras-primas entre os 15 e os 18 anos. (...)

(...) Como diz o próprio poeta: "Eu é um outro". A melhor poesia de Rimbaud esteve, porém, em seu gesto final: a recusa do "sucesso", a escolha do "fracasso", a derrota da literatura, inimiga da poesia, para que esta triunfasse."


E se o caso é poesia: "Cocher ivre", na tradução de Augusto de Campos:

Cocher ivre

Pouacre
Boit:
Nacre
Voit;

Acre
Loi,
Fiacre
Choit!

Femme
Tombe:
Lombe

Saigne:
- Clame!
Geigne.



Cocheiro bêbado (trad. Augusto de Campos)

Álacre
Vai:
Nacre
Rei.

Acre
Lei.
Fiacre
Cai!

Dama:
Tombo.
Lombo

Dói.
Clama:
Ai!

poema em:
CAMPOS, Augusto de. Verso reverso controverso. 2 ed. rev. São Paulo: Perspectiva, 1988.

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