terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Irene

Todo aquele que diz não acreditar nos sonhos, ou que os acha impossíveis de se realizar, é porque não conhece Irene.

Para os que nunca a viram, vou procurar fazer uma descrição fiel de como ela é. Irene tem um metro e sessenta e cinco centímetros de altura. É negra. Seus olhos são furta-cor. Seus lábios são carnudos e delicadamente desenhados. Seu sorriso é de indescritível beleza. Seus cabelos parecem uma cascata negra. E seu corpo... ah, seu corpo possui traços geometricamente perfeitos. Seus seios parecem irmãos gêmeos de perfeita e delicada geometria. Para ser menos prolixo e tentar dar uma idéia melhor, poderia afirmar que é impossível manter a razão estando perto de Irene. Tudo o que falei até agora não diz ao certo quem é ou como é Irene.

O que é lindo mesmo em Irene é a sua essência - uma flor de lótus. É impossível estar perto de Irene e não sentir paz. É improvável ouvir a voz de Irene e não aplacar o ódio que exista no coração. "Irene é boa. Irene está sempre de bom-humor." Irene não vive entre nós; talvez ela seja fruto do meu inconsciente. Irene é uma criança. Ela toma banho de chuva junto com outras crianças, brinca com elas como se fosse mais uma entre tantas que se juntam a brincar na chuva. Irene não sente dores morais, não tem medo, não tem remorso, não tem raiva, não tem paixões. Irene é livre.

E talvez por isso esteja sempre pronta para ajudar. Não há coisas impossíveis para Irene. Ela diz que, "se a alma for bela, tudo vale a pena", e que aquela pequena possibilidade do improvável acontecer, pode ser agigantada e tornada possível. Irene faz tudo parecer melhor. Um dia, alguém como Irene vai nascer no coração dos povos do Oriente Médio; então, israelenses e palestinos, em especial, desarmarão seus espíritos, largarão as armas e voltarão a brincar como crianças na chuva e, a partir desse momento, se dissiparão todas as diferenças, e eles voltarão a correr, a brincar de se esconderem, a soltar pipa, a sonhar e amar como apenas as crianças são capazes de fazer... Isso será fruto da "irenificação" da alma.

Mas como Irene não é imortal, fico imaginando Irene entrando no céu, dizendo: “– dá licença, meu branco! E São Pedro, bonachão: - Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.” E, assim, Irene morre e retorna para o lugar em que todos os sonhos habitam - o céu do imaginário popular. Mas enquanto houver criança no mundo e adultos que conservem o espírito infantil, ela retornará e se fará mais forte, até o dia em que todos acreditem nos sonhos e ela não precise mais morrer...

Xico Fredson!

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