quinta-feira, 30 de junho de 2011

O Padre Cícero e o incentivo ao trabalho

Centenário de Juazeiro do Norte # 78

A exemplo de outras postagens do Centenário de Juazeiro, hoje disponibilizamos um texto publicado em um dos vários livros publicados sobre o Padre Cícero ou sobre o Juazeiro. No caso específico do livro de hoje, temos justamente a junção da imagem do Padre com a cidade por ele fundada.

O livro em questão é Padre Cícero do Juazeiro, antologia publicada em 1994, sob organização do escritor Raimundo Araújo. E destacamos o texto "Padre Cícero e o trabalho", de autoria das doutoras Therezinha Stella Guimarães e Anne Dumoulin, que também publicaram o importante livro Padre Cícero por ele mesmo (Editora Vozes, 1983), com centenas de cartas escritas pelo patriarca do Juazeiro.

No texto por ora apresentado, as autoras mostram a visão do Padre Cícero em transformar o espaço ao seu redor e as situações emergenciais numa fonte de trabalho para o sertanejo.
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Padre Cícero e o trabalho
Dra. Therezinha Stella Guimarães
Dra. Anne Dumoulin

A cidade de Juazeiro do Norte, fundada pelo Padre Cícero, é a prova mais visível de sua atuação pelo trabalho. O sonho deste padre era transformar a situação de caos e de miséria do sertão, numa terra de fertilidade, de ordem e de progresso.

A leitura das cartas do Padre Cícero nos convenceu que este homem tinha uma visão ativa e complexa do valor do trabalho: ele trabalhava e ensinava ao povo a trabalhar. Citaremos aqui, alguns exemplos reveladores.

Numa carta escrita a um certo Padre Moisés, que tinha mulher e vivia suspenso de ordens, sem recursos financeiros, ele dá alguns conselhos judiciosos onde mostra a sua convicção de que o trabalho é uma boa terapia:

(12-07-1923) “...Aproveito para escrever-lhe, como um irmão e como um amigo. Venda a metade do que possuem e vá ao Rio de Janeiro, e se matricule na Academia de Direito ou de Medicina; logo que lá chegue, entenda-se com o Sr. Bispo, converse francamente com ele, expondo-lhe os desejos sinceros de sua conversão... Não esmoreça. Dê o primeiro passo e o resto, o nosso Bom Deus fará. Assim, já alcancei com outro padre que também abismado seguiu o meu conselho e é hoje doutor em Direito e vigário no Rio de Janeiro...”

Padre Cícero era também fazendeiro. Ele procurava, por exemplo, diversificar as plantações para provar aos agricultores da região o interesse econômico de tais modificações. Numa carta ao Prefeito do Crato, podemos ler:

(14-10-1918) “O Padre Cícero, com o fim de demonstrar e ensinar aos outros rendeiros do Estado que a Chapada araripense pode produzir outras plantas úteis que as rotineiras mandioca e maniçoba, pede mais uma licença... de cultivar durante 3 anos, na mesma área pedida acima, para criar 20 tarefas de cana-de-açúcar e 20 tarefas de diversos cereais e café, ao todo 40 tarefas...”

Na carta escrita ao Bispo de Fortaleza, em 1889, o Padre Cícero não se confina em lamentações e orações para dar soluções ao grave problema da seca. Fazia propostas concretas, viáveis, procurando dão o pão, mas também trabalho aos nordestinos famintos:

“Temos aqui bons lugares próprios para açudes que podem ser aproveitados, e este pobre povo, tendo trabalho, possa escapar. Em Constantina, na Argélia, os poços artesianos têm remediado o mesmo mal que nós sofremos, e me parece que se é verdade o resultado que dão, será um remédio mais pronto e mais eficaz. Aí está uma companhia contratada pelo Governo para este fim, nos alcance um destes poços para o nosso pobre Juazeiro, de proporções largas, que dê para irrigar as terras que eram irrigadas pela Batateira nos anos precedentes.”

Ele não cruzava os braços e chamava o povo à ação para reagir contra situações injustas:

Embalado pra viagem # 29

Para uma tela desbotada [2555]

Ari Barroso é mesmo um convencido!
Querer que essa "Aquarela" represente
a síntese, em canção, da nossa gente
é muita pretensão! Disso eu duvido!

Francisco Alves até nem vê sentido
algum nesse "inzoneiro", que acrescente
um rótulo ao mulato irreverente
que Ari diz ser o símbolo querido.

Cantava "risoneiro", ou algo assim,
o Chico. E esse "coqueiro que dá côco"?
Coqueiro dá castanha? Amendoim?

Se quis fazer um hino, fez um oco
glossário de clichês que, para mim,
nem chega aos pés dum lírico barroco.

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Glauco Mattoso

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Alemberg Quindins no programa Brasil Legal, em 1997

Arquivo Cariri # 10

Apresentamos uma edição com todos os trechos da participação de Alemberg Quindins, da Fundação Casa Grande (Nova Olinda-CE), no programa Brasil Legal, da Rede Globo, em 1997.

Com apresentação e entrevistas sob o comando de Regina Casé, a edição que destacou a Fundação Casa Grande tinha como tema "Cearenses" (que estão espalhados por todo o Brasil). No programa foi exibido um longo e descontraído papo com Alemberg, que falou sobre o trabalho com lendas, mitos e música, além de abordar aspectos da Região do Cariri, como a saída do Padre Cícero do Crato para fundar o Juazeiro do Norte. Confira:

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Canal do Youtube destaca a cultura popular juazeirense

Centenário de Juazeiro do Norte # 77
Ponto de fuga # 07

Na postagem # 71 do Centenário, destacamos a participação de Ciço Gnomo no Programa do Jô, cantando o Juazeiro em rede nacional. A entrevista na íntegra foi postada na internet por Francisco Di Freitas, grande músico residente em Juazeiro do Norte.

Di Freitas mantém um canal no Youtube com vários vídeos de artistas e expressões populares da Região do Cariri. Naturalmente, muitos desses vídeos são de artistas e eventos ligados ao Juazeiro, como é o o caso do próprio Ciço Gnomo, que já mencionamos, além de reisados, rabequeiros e da Dona Maria do Horto, que destacamos num vídeo abaixo.

Para conferir todos os vídeos postados por Di Freitas, acesse o link:
http://www.youtube.com/difreittas

Dona Maria do Horto:

terça-feira, 28 de junho de 2011

Tipografia São Francisco e Lira Nordestina

Centenário de Juazeiro do Norte # 76

Na postagem# 65 do Centenário, disponibilizamos o texto "Xilógrafos de Juazeiro do Norte", de Gilmar de Carvalho, sobre a tradição da xilogravura na cidade.

Naturalmente, essa tradição do trabalho dos xilógrafos anda lado a lado com a tradição da literatura de cordel e, consequentemente, com a produção desses impressos em uma tipografia especializada.

Para falar sobre essa parte tipográfica, disponibilizamos outro texto do livro Xilogravura: doze escritos na madeira, intitulado "A última tipografia", que fala sobre o histórico da Tipografia São Francisco, fundada por José Bernardo, que atualmente é a Lira Nordestina. Como o texto é de 1993, naturalmente é finalizado relatando a situação daquela época.
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A Última Tipografia
Gilmar de Carvalho

O range-range onomatopaico nos dá a dimensão do presente. Um herói ladino escapa das páginas amarelecidas de um folheto e nos conduz à dimensão do sonho. Estamos na última tipografia de cordel.

Em 1926, José Bernardo da Silva chegava a Juazeiro do Norte. Atraído pela figura mítica do Padre Cícero, que o abençoou, e motivado pela esperança, ficou de vez na cidade. Vendia ervas, raízes e quinquilharias no circuito das festas religiosas.

Como levava folhetos na bagagem, resolveu imprimi-los. A edição popular dava mostras de vitalidade no Nordeste brasileiro. As máquinas que se tornavam obsoletas para os grandes centros se interiorizavam. Leandro Gomes de Barros, em Recife, e Chagas Batistas, na Paraíba, desempenhavam o papel de organizadores deste corpus e animadores desta atividade.

O personagem abre a porta da tipografia e a página, até então fechada, de um romance de aventura. Astuto, remexe a caixa de tipos. O tipógrafo puxa a gaveta, senta-se no banco e começa a dar forma a uma história, a este texto que está sendo esboçado. As letras retiradas formam um quebra-cabeças. Caixas altas e baixas se revezam. É trabalho e jogo. O tipo que falta é improvisado. Ou deve ficar a lacuna?

José Bernardo passou a integrar o rol dos editores de cordel. No início, timidamente, recorria a gráficas locais e da diocese de Crato. A receptividade foi a melhor possível. O folheto vivia seu auge. O leitor queria os clássicos e a novidade dos lançamentos. O pregão se fazia nas feiras. A história era contada para se criar uma expectativa, como estratégia de sedução. Até que o vendedor parava e deixava plateia intrigada. Era preciso comprar o exemplar para saber o final do relato. E qual o desfecho desta reconstituição da trajetória da última tipografia?

No final da década de 30, José Bernardo comprou caixas de tipos e sua primeira impressora. A máquina, manual e barulhenta, era apelidada de “quebra-pedras”. Porque marcava com sua engrenagem emperrada o ritmo da atividade. Pontuava de ruídos rascantes os dias arrastados de Juazeiro do Norte.

O range-range onomatopaico contrapunha-se ao planger dos sinos. Ao fundo, o monocórdio das ladainhas e os passos da procissão. Confundia-se com a matraca. Expressava a mesma crença, em outros códigos. Tecia um grande texto ancestral renovado dia após dia.

Programação do Cine Cariri Shopping - de 01/07 a 07/07/2011

CineI: Transformers: O lado oculto da Lua
(Transformers - Dark of the Moon, 2011)
Horários: 14h30, 17h30 e 20h30
Origem: EUA
Gênero: Ação
Classif.: 12 anos
Duração: 154 min.
Distribuidora: Paramount Pictures
Lanç. Nacional: 01/07/2011
Sinopse: Quando um misterioso evento do passado da Terra explode nos dias de hoje, ele ameaça causar uma guerra tão grande na Terra que os Transformers sozinhos não conseguirão nos salvar.
Elenco: Shia LaBeouf, Rosie Huntington-Whiteley, Josh Duhamel, Patrick Dempsey, Ken Jeong, John Malkovich, Alan Tudyk, Vozes de: Hugo Weaving, Peter Cullen
Roteiro: Ehren Kruger
Produção Executiva: Michael Bay, Steven Spielberg
Produção: Ian Bryce, Tom DeSanto, Lorenzo di Bonaventura
Direção: Michael Bay
Trailer:



Cine II: Carros 2
(Cars, 2011)
Horários: 13h30, 15h45, 18h e 20h15
Origem: EUA
Gênero: Animação
Classif.: Livre
Duração: 106 min.
Distribuidora: Walt Disney Studios
Lanç. Nacional: 23/06/2011
Sinopse: o astro das corridas Relâmpago McQueen (voz de Owen Wilson) e o incomparável guincho Mate (voz de Larry the Cable Guy) levam sua amizade a novos lugares em Carros 2, ao atravessar o mundo para competir na primeira Grand Prix Mundial para determinar quem é o carro mais rápido do mundo. Mas o caminho para o campeonato é cheio de obstáculos, desvios e surpresas hilariantes quando Mate se vê envolvido em uma fascinante aventura de espionagem internacional. Dividido entre ajudar Relâmpago McQueen na corrida e se enganchar em uma missão de espionagem ultra-secreta, a extasiante jornada de Mate o leva em uma caçada explosiva pelas ruas do Japão e da Europa, seguido por seus amigos e assistido pelo mundo inteiro. Somando-se a toda essa diversão em ritmo acelerado há um maravilhoso elenco de carros totalmente novos que inclui agentes secretos, vilões ameaçadores e corredores internacionais.
Elenco: Vozes de: Owen Wilson, Jason Isaacs, Michael Caine, Michael Keaton, Emily Mortimer, Bonnie Hunt, Joe Mantegna
Roteiro: Ben Queen
Produção: Denise Ream
Direção: John Lasseter
Trailer:


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Preço do ingresso (+ pipoca):
De sexta a terça: Inteira: R$8,00 / Meia: R$4,00
Quarta e quinta: Inteira: R$6,00 /Meia: R$3,00

+ info:
(88) 3572.9333

Mais dicas de filmes ou programação de outros cinemas:

66 anos do nascimento de Raul Seixas

Se estivesse vivo, Raul Seixas estaria completando hoje, 28 de junho de 2011, 66 anos de vida. Falecido em 1989, aos 44 anos, Raul Santos Seixas acabou virando mito e hoje é venerado por milhões de brasileiros que continuam a ouvir sua obra e propagar a imagem do "maluco beleza".

Como registro pela lembrança da data, segue abaixo um vídeo com imagens de Raul Seixas nos anos 1970 (no auge da "maluquice beleza"), ao som de "A verdade sobre a nostalgia", canção do disco Novo Aeon, de 1975. Mais uma vez Raul propagando lemas como os que nortearam a sua ideia de "sociedade alternativa": "eu vou fazer o que eu gosto!".

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Embalado pra viagem # 28

Cidadezinha qualquer

Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.

Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar... as janelas olham.

Eta vida besta, meu Deus.

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Carlos Drummond de Andrade, em Alguma poesia.

Juju Juazeiro

Centenário de Juazeiro do Norte # 75



Dona Juju Juazeiro é uma gigante senhora que sempre está pronta para receber as pessoas. Uma mulher que, para o bem e para o mal, acolhe todo aquele que a procura. A partir desta alusão simbólica à cidade de Juazeiro do Norte, o Grupo de Teatro da Comunidade Zuila Lavor, composto por crianças e adolescentes, entre 8 e 16 anos, montou este esquete escrito por Romildo Moreira e dirigido pelo ator, professor e encenador Wanderlei Pecowski.

O esquete Juju Juazeiro foi mais uma das atrações da Mostra de Teatro de Rua do SESC Juazeiro.

A comunidade Zuila Lavor, uma Organização Não-Governamental, mantém o grupo de teatro, segundo o diretor da peça, Wanderlei Pecowiski, com poucos recursos que são doados à entidade.

Os atores são crianças carentes assistidas pela entidade que, diante das circuntâncias da vida e das escassas condições do seu grupo de teatro, fazem ótimas encenações.

Texto: Ythallo Rodrigues / Hudson Jorge

domingo, 26 de junho de 2011

Vídeos da Orquestra de Rabeca SESC Cego Oliveira

Centenário de Juazeiro do Norte # 74

Sabemos que o Youtube é uma fonte vastíssima para pesquisa de vídeos com o inusitado, com raridades e com material do lugares mais longínquos deste planeta.

Acontece que muitas vezes desconhecemos na nossa cidade muitos trabalhos artísticos e o Youtube também resolve esse problema. Eis que, para quem ainda não conhece, mostramos dois vídeos com apresentações da Orquestra de Rabeca SESC Cego Oliveira, de Juazeiro, tendo à frente o músico Francisco Di Freitas, com seu trabalho de valorização e divulgação da rabeca, instrumento tradicional da arte popular caririense.

Confira os vídeos:



sábado, 25 de junho de 2011

Até quando?

Centenário de Juazeiro do Norte # 73

Seguindo a comemoração do Centenário de Juazeiro do Norte, aproveitamos o momento para levantar outra questão que provavelmente tenha valor muito mais religioso para os fiéis que anualmente vêm à cidade participar do turismo reiligioso, trata-se da Reabilitação do Padre Cícero (digo provavelmente porque, para os romeiros, não mudaria muito a situação de fato, pois como eles dizem "o Padre Cícero já está canonizado em seus corações").

Para quem não lembra do contexto, seria interessante dar uma lida em um artigo que saiu no Diário do Nordeste, no dia 31 de maio do ano em curso. Nele, o Jornal noticia que "Dom Panico entregou, no dia 30 de maio de 2006, uma exposição de motivos de 16 páginas em defesa do 'Padim'".
Cinco anos de silêncio. Nem mesmo, este ano, quando Juazeiro do Norte comemora o seu centenário de independência política, o Vaticano libera informações sobre o andamento do pedido de reabilitação do Padre Cícero.

Os documentos foram entregues ao cardeal Josef William Levado, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, no dia 30 de maio de 2006. O Diário do Nordeste acompanhou, com exclusividade, a viagem dos cearenses."A matéria foi assunto de repercussão nacional, veiculado no programa Fantástico, da Rede Globo, como pode ser visto no vídeo abaixo.

Poderia fazer uma perguntinha inocente: será que dessa vez vai...? Será que finalmente os romeiros e afilhados do Padre Cícero, assim como a população juazeirense, poderão ter a boa notícia de que o processo de reabilitação foi aceito — suponho que seja esse o termo: aceito! — para que a partir daí outros processos sejam desencadeados, para terminar com o que seria, na minha opinião, uma correção à punição que fora imposta não apenas ao Padre Cícero, mas à população da cidade, principalmente a da época em que o fato aconteceu, 1892, que sofreu juntamente com ele os efeitos das sanções aplicadas pelo Vaticano; e também a Beata Maria de Araújo, que fora marginalizada, e que dentre outras punições foi obrigada a se afastar dos cultos religiosos — sinceramente, para um fiel religioso não enxergo punição mais cruel, quando na realidade ela é que fora o meio através do qual o milagre se manifestou em terras juazeirenses — digo milagre porque o seu contrário não fora provado. Tendo se transformado em mais uma questão para a qual não se encontrou uma explicação racional.

Outra perguntinha inocente: e se não tivesse acontecido o milagre no interior de um Estado nordestino, cuja população era rotulada como um povo fanático... e se fosse em outro continente, só exemplificando, um qualquer como a Europa, será que a situação seria visto de outra forma?


Para ler o artigo do Diário do Nordeste, acesse
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=989611

Matéria veiculada pelo Fantástico
:

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Pôr do sol em Juazeiro do Norte

Centenário de Juazeiro do Norte # 72



Essa é uma colaboração de uma leitora do nosso blog, Natalice Garcia.

A imagem foi capturada do Mirante do Centro Cultural Banco do Nordeste, em Juazeiro do Norte, na quarta-feira, dia 22 de junho de 2011. Clique na imagem para ampliá-la.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Juazeiro na música de Ciço Gnomo, no Programa do Jô

Centenário de Juazeiro do Norte # 71

Em 2003, o Cícero Romão de Souza, mais conhecido como Ciço Gnomo, esteve no Programa do Jô. Além de conceder entrevista, cantou uma música "no fundo da caneca" — e como tantas outras do seu repertório, a canção fala sobre Juazeiro, Padre Cícero, cultura popular, etc.

Confira a última parte (na qual ele fez a apresentação artística):



Para conferir a entrevista desde o início, clique aqui.

Programação do Cine Cariri Shopping - de 24/06 a 30/06/2011

Cine I: Kung Fu Panda 2
(Kung Fu Panda: The Kaboom of Doom, 2011)
Horários: 14h e 16h
Origem: EUA
Gênero: Animação
Classif.: Livre
Duração: 90 min.
Distribuidora: Paramount Pictures
Lanç. Nacional: 10/06/2011
Sinopse: Po vive agora o seu sonho como o Guerreiro Dragão, protegendo o Vale da Paz ao lado de seus amigos e colegas mestres do Kung Fu, os Cinco Furiosos (Tigre, Garça, Louva-a-Deus, Víbora e Macaco). Mas a nova vida de Po é ameaçada pelo surgimento de um novo e formidável vilão, que planeja usar uma arma secreta para conquistar o império Chinês e destruir o kung fu. Agora, Po deve olhar para o seu passado e descobrir os segredos de sua origem misteriosa, e assim, vencer a força inimiga.
Elenco: Vozes de: Jack Black, Angelina Jolie, Gary Oldman, Seth Rogen, Jackie Chan, Jean-Claude Van Damme, Michelle Yeoh, Dustin Hoffman, Lucy Liu
Roteiro: Jonathan Aibel, Glenn Berger
Produção Executiva: Guillermo del Toro
Produção: Melissa Cobb
Trailer:



Cine I: X-Men: Primeira Classe
(X-Men: First Class, 2011)
Horários: 17h50 e 20h30
Origem: EUA
Gênero: Ação, Drama (Dub)
Duração: 132 min.
Distribuidora: 20th Century Fox
Lanç. Nacional: 03/06/2011
Sinopse: A trama mostrará a juventude e amizade de Charles Xavier e Erik Lensherr antes de se transformarem nos rivais Professor X e Magneto.
Elenco: Jennifer Lawrence, January Jones, James McAvoy, Rose Byrne, Nicholas Hoult, Michael Fassbender, Kevin Bacon, Zoë Kravitz, Jason Flemyng
Roteiro: Jane Goldman, Ashley Miller, Jamie Moss, Josh Schwartz, Zack Stentz
Produção Executiva: Tarquin Pack
Produção: Gregory Goodman, Simon Kinberg, Lauren Shuler Donner, Bryan Singer
Direção: Matthew Vaughn
Trailer:



Cine II: Carros 2
(Cars, 2011)
Horários: 13h30, 15h45, 18h e 20h15
Origem: EUA
Gênero: Animação
Classif.: Livre
Duração: 106 min.
Distribuidora: Walt Disney Studios
Lanç. Nacional: 23/06/2011
Sinopse: o astro das corridas Relâmpago McQueen (voz de Owen Wilson) e o incomparável guincho Mate (voz de Larry the Cable Guy) levam sua amizade a novos lugares em Carros 2, ao atravessar o mundo para competir na primeira Grand Prix Mundial para determinar quem é o carro mais rápido do mundo. Mas o caminho para o campeonato é cheio de obstáculos, desvios e surpresas hilariantes quando Mate se vê envolvido em uma fascinante aventura de espionagem internacional. Dividido entre ajudar Relâmpago McQueen na corrida e se enganchar em uma missão de espionagem ultra-secreta, a extasiante jornada de Mate o leva em uma caçada explosiva pelas ruas do Japão e da Europa, seguido por seus amigos e assistido pelo mundo inteiro. Somando-se a toda essa diversão em ritmo acelerado há um maravilhoso elenco de carros totalmente novos que inclui agentes secretos, vilões ameaçadores e corredores internacionais.
Elenco: Vozes de: Owen Wilson, Jason Isaacs, Michael Caine, Michael Keaton, Emily Mortimer, Bonnie Hunt, Joe Mantegna
Roteiro: Ben Queen
Produção: Denise Ream
Direção: John Lasseter
Trailer:


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Preço do ingresso (+ pipoca):
De sexta a terça: Inteira: R$8,00 / Meia: R$4,00
Quarta e quinta: Inteira: R$6,00 /Meia: R$3,00

Mais dicas de filmes ou programação de outros cinemas:
http://www.orientcinemas.com.br/

quarta-feira, 22 de junho de 2011

75 anos de Hermeto Pascoal

Dia 22 de junho de 2011: 75 anos de um verdadeiro gênio da música brasileira.

Hermeto Pascoal, alagoano de Lagoa da Canoa, representa uma vida dedicada à música, espalhando sua arte por todos os cantos do planeta. Grande música com um grande músico, sempre!

Benditos, romaria e penitência na música do Dr. Raiz

Centenário de Juazeiro do Norte # 70
Embalado pra viagem # 27

"Bendito seja"
- Dr. Raiz
(Dudé Casado / Geraldo Júnior)

Ao escutar a ladainha
de quem não pôde evoluir
e despertar com o pesadelo
dos que temem progredir
bate logo na cabeça uma vontade de sair
bate logo na cabeça uma vontade de sumir
pra onde eu vá
tá a zoeira impregnando o pé do ouvido
sou um beato, um penitente
sou um profeta, um indigente
sou um romeiro, o tempo inteiro
eu não aguento!

Meu padim disse no tempo passado
que ja se viu, tá se vendo e vai se ver
que já chegou o sinal do fim da era
e tá em tempo do povo se arrepender

Eu vou pedir ao meu padim Ciço Romão
pra nos livrar do laço da besta-fera
pra ajudar a subir essa ladeira
e os horrores que virão no fim da era

Com a cabeça estourando
o que tenho a fazer
é bater o meu pandeiro
embolando a dizer toda verdade
não há tempo a perder
vou contar toda a verdade
não tem pra onde correr
pra onde eu vá
tá a zoeira impregnando o pé do ouvido
sou um beato, um penitente
sou um profeta, um indigente
sou um romeiro, o tempo inteiro
eu não aguento!

Essa zoeira insistente de quem não tem o que fazer
a hipocrisia alienada dos que dizem libertar
O pensamento programado dos que morrem sem saber

Esse suplício absurdo de quem não para pra sonhar
O perigo eminente do fanatismo ao meu redor
O conformismo resultante desse maneira de penar e morrer



Para assistir ao clip de "Bendito seja", clique aqui.

Ripimpé # 29

Está chegando o São João! Que todos tenham uma festa animada e criativa como a capa de Fole de 8 baixos, de Gerson Filho, de 1959.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Parabéns Crato! Parabéns, e melhoras!

Hoje perguntei à minha companheira, cratense de nascença e de espírito, se ela já tinha dado os parabéns à cidade natal dela.

E ela soltou uns versinhos de improviso que terminaram mais ou menos assim: “Meu Cratim de açúcar, que se desmanchou e virou Cratim de barro”.

Fiquei pensando sobre suas palavras e vendo onde o sentimento dela chegou. Sabemos que todo bom cratense acredita que o Crato é o melhor lugar do mundo para se viver, ainda mais se a comparação for feita com Juazeiro. Para alguns, até uma cidadela de cinco mil habitantes no mais árido torrão do Piauí é melhor que Juazeiro do Norte.

Mas, voltando ao assunto... O sentimento de minha companheira revela a situação do Crato dos últimos tempos: uma cidade parada ao lado da roda do progresso e abandonada pelo poder público.

Me lembro de quando comecei a cursar a faculdade na URCA e como eu achava tudo muito bacana na cidade. O movimento cultural, os eventos noturnos, os bares pitorescos, a Chapada, as praças e a Expocrato (que já perdeu a graça faz tempo). Veio logo o sentimento de querer morar na cidade. Casei-me com uma cratense, constituímos família (três filhas) e lá morei durante sete anos.

O problema é que todo o encantamento com a cidade foi sumindo devido a uma série de fatores, como o desaparecimento da vida cultural da cidade e de seu movimento noturno (motivada por uma lei do silêncio que só vale para pobres); uma Praça da Sé cada vez mais feia e abandonada; a falta de oportunidades por eu não ter um sangue azul e não saber responder à velha pergunta: você é filho de quem?; por sofrer junto com minha família, quando morávamos próximo ao canal do Crato, com o terrível fedor que de lá exalava e que podia ser resolvido com medidas, mesmo que paliativas, mas que nunca foram tomadas pela prefeitura municipal, entre outros.

Mesmo assim, aprendi a admirar o histórico daquela cidade, suas ruas e algumas peculiaridades do seu povo, seus artistas. Pude fazer amigos (gente boa de verdade) que valorizam mais as pessoas do que seus sobrenomes e que, assim como eu, gostariam de ver o Crato bem melhor assistido, bem mais lembrado e muito mais respeitado.

Sendo assim, neste dia 21 de junho, não apenas desejo os parabéns a esta cidade que aprendi a gostar, mas desejo também que ela seja respeitada por seus governantes e pelas pessoas que a constroem, de modo que trabalhem e administrem a cidade com olhos voltados para o futuro. Que façam a cidade crescer e ficar bonita para toda a população, seus visitantes e forasteiros — e não apenas para uns cinco grupos de sobrenomes ditos importantes.

Parabéns, Crato! Parabéns, e melhoras!

Foto: Wilson Bernardo (retirada do site culturacrato.blogspot.com)

Pedro Bandeira: 73 anos de vida e poesia

Centenário de Juazeiro do Norte # 69



No dia primeiro de maio, Pedro Bandeira de Caldas inteirou 73 anos de vida e poesia. Neste ano de 2011, o Centro Cultural Banco do Nordeste - Cariri realizou um evento em homenagem ao poeta, na praça Padre Cícero, no dia 18 de maio, que contou com a presença de outros violeiros, amigos, familiares e, claro, o público.

Pedro Bandeira pode ser considerado um dos ícones culturais de Juazeiro do Norte. Nascido paraibano e vivido juazeirense, o poeta percorreu o Brasil cantando as coisas do sertão nordestino, a religiosidade e a fé da cidade que o adotou e por ele foi adotada.

Pedro Bandeira já cantou para o Pelé, para João Paulo II, para políticos importantes e já foi citado por celebridades como Carlos Drummond de Andrade (ver postagem já publicada).

Ao final do evento, pude pegar um breve depoimento do poeta sobre sua vida e sobre o que ele acha dos 100 anos de Juazeiro do Norte.

Mais sobre Pedro Bandeira pode ser encontrado no blog sobre seu programa de TV ( Na Boca da Viola), que vai ao ar todos os domingos, na TV Verde Vale.

Poema em homenagem à Rádio Educadora na voz de Seu Elói Teles

Arquivo Cariri # 08

Ainda como homenagem aos 247 anos de emancipação política da cidade de Crato, neste dia 21 de junho de 2011, disponibilizamos o áudio do saudoso Elói Teles de Morais recitando, no programa "Coisas do Meu Sertão", um poema de autoria de Zé Joel (de Barbalha) sobre a Rádio Educadora.

O Crato na música de Luiz Gonzaga

Embalado pra viagem # 26

Eu vou pro Crato
(José Jataí / Luiz Gonzaga)

Disco Pisa no pilão (Festa do milho), de 1963.

Eu vou pro Crato
vou matar minha saudade
ver minha morena
reviver nossa amizade

Eu vou pro Crato
tomar banho na nascente
na subida do Lameiro
tomo uns trago de aguardente

Eu vou pro Crato
comer arroz com pequi
feijão com rapadura
farinha do Cariri

Eu vou pro Crato
vou matar minha saudade
ver minha morena
reviver nossa amizade

Eu vou pro Crato
pois a coisa melhorou
a luz de Paulo Afonso
o Cariri valorizou

Eu vou pro Crato
já não fico mais aqui
"Cratinho de açúcar"
coração do Cariri

Eu vou pro Crato
vou matar minha saudade
ver minha morena
reviver nossa amizade

Eu vou pro Crato
vou pra casa de seu Pedro
Seu Felício é velho macho
tô com Pedro, tô sem medo

Eu vou pro Crato
vou viver no Cariri
"Cratinho de açúcar"
tijolo de buriti.

O "paraíso do Crato" nos versos de Patativa do Assaré

Arquivo Cariri # 07
Embalado pra viagem # 25

Nossos parabéns aos 247 anos de emancipação política da cidade de Crato (em 21 de junho de 2011).
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O Paraíso do Crato
Patativa do Assaré

Quem andá no Cariri
Precisa andá no Granjêro,
O ponto mio que vi
No nordeste brasiêro.
É bem pertinho do Crato,
Um lugar cheio de ornato
Que agrada a quarqué freguês.
As beleza naturá
E ôtras artificiá
Que os home do Crato fez.

Tem uma rica nascença
Jorrando no pé da serra
Com uma fatura imensa
Que vem de dentro da terra.
Naquela fonte sonora,
Nos Domingo a toda hora
As muié e os home fica
Cada quá mais animado
Com seus trajo apopriado
Tomando banho de bica.

Tem um crube organizado
Que é uma coisa bacana;
O Granjêro é freqüentado
Em todo fim de semana
Na mais perfeita união,
Ninguém trata da questão,
De briga, nem de arruaça,
Ali não reina o capeta,
Os guarda da barbuleta
Não dá entrada à cachaça.

Muntos brinca na picina
Nadando todo contente
Entre as águas cristalina,
Cristalina e reluzente.
Aquele belo recanto
É todo cheio de incanto;
Faz gosto andá por ali
Pra vê o bonito Granjêro
O quadro mais feiteicêro
Das terra do Cariri.

Eu indo lá certo dia,
Vendo a fonte que derrama
As água pura e sadia
E o chão forrado de grama,
Fiquei todo deferente
Fiquei besta de contente
E pra onde eu reparava,
Vinha logo na memora
A beleza das históra
Que a minha vovó contava.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

O dia em que o Padim voltou ao Crato

Centenário de Juazeiro do Norte # 68



Esse curta de animação realiza, pelo menos na ficção, o sonho de uma parcela da sociedade cratense.

Direção: Rodrigo Aben-Athar.
Trilha sonora de Daniel Salvia e Vicente Salvia.

domingo, 19 de junho de 2011

Padre Neri Feitosa em defesa do Padre Cícero

Centenário de Juazeiro do Norte # 67

Em meio às postagens especiais sobre o Centenário de Juazeiro do Norte, lançamos mão de várias publicações que abordam assuntos ligados à história do município. E, naturalmente, muitas dessas publicações referem-se à história do grande responsável pela emancipação e crescimento da cidade: o Padre Cícero.

Hoje é a vez de reproduzirmos textos do livro Eu defendo o padre Cícero, publicado em 1982, de autoria do Padre Neri Feitosa (para conhecer um pouco da trajetória e a lista de publicações do autor do livro, clique aqui).

Já no título da publicação, o Padre Neri Feitosa afirma sua posição diante de tantos assuntos polêmicos relacionados à vida do Padre Cícero. Reproduzimos nesta postagem uma breve apresentação na qual o padre menciona as fontes por ele utilizadas para embasar suas considerações; e, na sequência, o primeiro capítulo-fragmento, uma defesa aos fiéis devotos do "Padim Ciço".
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As fontes
Padre Neri Feitosa

Para escrever um livro sobre o fenômeno do devotamento popular ao Padre Cícero, é melhor não usar fontes bibliográficas, mas a experiência observada e vivida.

Já não é assim para escrever um livro de defesa, naquilo que há de defensável.

Livros e escritos sobre o Padre Cícero há muitos: parece até um júri popular, com réu, advogados de defesa, promotor de justiça, jurados, juiz e plateia.

De propósito eu não quis citar muitas fontes: encalhei-me sobre apenas dois bacamartes — o livro Milagre em Joaseiro, Ralph Della Cava, Paz e Terra, 1977, a favor de Padre Cícero; e Pretensos Milagres de Juazeiro, do Padre Dr. Helvídio Martins Maia, Vozes, 1974, contra o Padre Cícero. O livro de Ralph é citado em abreviatura “Ralph” e o de Helvídio em abreviatura “Pretensos”.

O Dr. Ralph é o homem indicado para estudo sereno, superior, crítico, desapaixonado e descompromissado.

Helvídio propôs-se fazer um estudo ralphiano e, em Crato, foi dobrado por dois padres, como se vê na página 192 de seu livro. Terminou escrevendo barafusamente a favor e contra o Padre Cícero: o livro termina sendo contra o Padre Cícero, mas está matizado de louvores ao mesmo padre, porque quando ele se decidiu a ser contra o Padre Cícero, o livro já estava escrito em parte, como se deduz de todo o contexto.

Método
O método que me proponho aqui é o cartesiano da dúvida metódica.

Julgar fatos e pessoas entre 50 e 100 anos passados não é a mesma coisa que julgar fatos e pessoas presentes. Pode haver a injustiça de não contar com a inexorável evolução geral: do tempo, das pessoas, das instituições, da mentalidade e da ciência.

Tim Maia entrevistado por Juca Kfouri em 1997

Em março de 1997, praticamente um ano antes de sua morte, o cantor e compositor Tim Maia concedeu entrevista a Juca Kfouri, que na época comandava um programa na Rede CNT.

Na entrevista, Tim Maia fala de três CDs que estava lançando, além de outros projetos que estavam em curso na sua carreira. E como a polêmica andava lado a lado com Tim Maia, na entrevista ele falou abertamente sobre seu plano de ser Senador da república; critica o Boni; fala da "amizade tapinha-nas-costas" entre Roberto Carlos e Erasmo Carlos; e diz que a dupla de compositores Michael Sullivan e Paulo Massadas queria mandar na sua carreira, no seu repertório.

Confira a entrevista (dividida em 3 partes), que foi ao ar em 27 de março de 1997:

Parte 1:


Parte2:


Parte 3:

sábado, 18 de junho de 2011

Folheto sobre Juazeiro comentado por Carlos Drummond de Andrade

Centenário de Juazeiro do Norte # 66

Na postagem # 57 do Centenário, disponibilizamos o poema "Artesãos de Juazeiro", de Pedro Bandeira, que havia sido publicado em folheto e distribuído na exposição "Nordeste na bússola", no Rio de Janeiro, em 1970.

Na sequência da publicação, o poema foi comentado pelo grande poeta Carlos Drummond de Andrade, em texto publicado no Jornal do Brasil, em agosto de 1970. Abaixo, transcrevemos o texto, também reproduzido no livro O sertão e a viola, de Pedro Bandeira.

Juazeiro e seu cantor
Carlos Drummond de Andrade
(Jornal do Brasil, de 7-8-1970)

A moça que virou cobra, casamento e divórcio da lagartixa, o cavalo que nasceu de bigode e cavanhaque, exemplo de um rapaz que dançou carnaval em traje de santo: são temas e títulos de poemas nordestinos, que se encontram nas feiras. Quem não conhece esta literatura poética? Dizem que poesia não vende. Aí estão os poetas populares da Paraíba, de Pernambuco, do Ceará, da Bahia, a demonstrarem o contrário. Vendem tanto que a produção se industrializou, e os modestos folhetos com capas de xilogravura tosca passaram a ser editados em gráficas aparelhadas de São Paulo, o que aliás lhes retira muito do sabor primitivo.

O poeta popular distingue-se pela versatilidade de sua temática. Inspira-se no lendário e no mágico, tanto quanto na vida comum. Em seus “romances”, topamos com princesas enfeitiçadas, dragões, o diabo em pessoa, o jogo do bicho, a carestia dos gêneros, rádio, TV, crimes passionais, minissaia etc. Nada escapa à observação do vate de poucas letras e muita vivacidade, com as reservas obviamente impostas à glosa de certos temas. O poeta popular é o menos alienado dos poetas, e adapta-se às circunstâncias para para melhor exprimir uma realidade social e humana que é testemunha atenta, além de participante.

Ainda agora, fechada a Exposição Artesanal de Juazeiro do Norte, que se realizou no Museu de Arte Moderna do Rio, o que fica para a recordação dessa mostra é um minilivro de 11 páginas, em que o poeta Pedro Bandeira canta sua cidade, procedendo ao levantamento de suas atividades criativas. “Artesãos de Juazeiro”, como poema-catálogo, satisfaz a curiosidade de quem deseje informar-se sobre a economia local. Um economia típica, pois os primeiros produtos recenseados penetram fundo na história dramática.

          Juazeiro, de artesão,
          é grande e milionário!
          E eu sem exagerar
          nada direi ao contrário.
          E aqui começo a dizer
          o que sabemos fazer
          sem precisar maquinário.

          Faca, revólver, espingarda,
          — cano grosso e cano fino —
          pistola, foice e machado,
          trinchete — tipo colino —
          peixeira feita com arte,
          cravinote, bacamarte,
          e mosquetão boca de sino.

Não se apavore em demasia o leitor. Já na estrofe seguinte, o artesanato da morte se mescla com objetos mais pacíficos:

          Da madeira nós fazemos
          “Dois de Ouro”, “Lampeão”,
          apito, santo, oratório,
          cinzeiro, mão-de-pilão,
          cocho, cabaça, gamela,
          cabo coronha, janela
          terço, rosário e portão.

Bandeira volta-se agora para os artefatos de couro:

          Do couro fazemos roupa
          de o vaqueiro entrar no mato,
          saia e blusa pra mulher
          com tudo do artesanato.
          Sela, cilha, rabichola,
          camisa para viola,
          peitoral, loro e sapato.

E muitas outras especialidades rurais e urbanas, da focinheira ao tapete. O cantor passa em revista as indústrias da folha-de-flandres, do ferro e do ouro, não esquecendo as coisas mínimas, como a humilde dobradiça. Barro, óleos vegetais, cio, tudo serve ao trabalho em Juazeiro, que dedica especial atenção à arte, fabricando “violão para qualquer farra, bandolim, banjo, guitarra, reco-reco e outros mais”, além de “viveiro, caricatura, gaiola, xilogravura, talismã e artifício”. O poema não se esquece de anotar os refrigerantes norteamericanos que ali se produzem (daqui a pouco, eles contarão também com um inventário da Lua).

Enfim, Juazeiro faz de tudo e “não se humilha a ninguém”. “Nossos políticos são bons, ninguém trabalha pra si”. O poeta dá uma colher-de-chá ao prefeito, louva as excelências muitas da terra e conclui:

          eu te amo, oh! Juazeiro!
          Se eu pudesse eu te arrancava,
          te suspendia e botava
          dentro do Rio de Janeiro!

Mas explica:

          Digo assim, porque estimo
          as duas lindas cidades.
          Vim de lá por precisão,
          volto por necessidades.
          Sinto alegria e pesares
          parto alcatifando os ares
          dos aviões das saudades.

E assim Pedro Bandeira estabelece uma ponte aérea, política e afetuosa, entre Juazeiro e Rio. Muito vivo, hein?

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Para ler o poema de Pedro Bandeira na íntegra, clique aqui.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Xilógrafos de Juazeiro do Norte

Centenário de Juazeiro do Norte # 65

Para falar sobre a tradição da xilogravura em Juazeiro do Norte, reproduzimos um texto de Gilmar de Carvalho, intitulado exatamente "Xilógrafos de Juazeiro do Norte", que integra o livro Xilogravura: doze escritos na madeira, da Coleção Outras Histórias, do Museu do Ceará, publicado em 2001.

No texto, Gilmar de Carvalho fala um pouco da trajetória dos primeiros xilógrafos que trabalharam nas tipografias em Juazeiro, e também comenta as técnicas e as opções estéticas de alguns dos xilógrafos.



Xilógrafos de Juazeiro do Norte
Gilmar de Carvalho

A xilogravura é esta técnica milenar, cujas raízes se perdem no tempo e no espaço. Ressalte-se a permanência e a atualidade de uma manifestação que, segundo os historiadores, passa pela China, é retomada na Europa quinhentista que avança nos meios de reprodução da escrita, com iluminuras e emblemas e desemboca no Brasil três séculos depois.

Cumpre assinalar a defasagem entre o início da colonização e os primeiros prelos e fixar como um dos balizamentos dessa reflexão o ano de 1808 que teria trazido a implantação da Impressão Régia.

A partir daí a xilogravura tem um papel a cumprir, que ganha importância a partir do momento em que a imprensa se dissemina pelo país.

É quando a maquinaria obsoleta para os grandes centros se interioriza e chega ao Nordeste.

Aqui os estudiosos vão evidenciar a importância da xilogravura como ilustração, a partir dos cabeçalhos, o que passa a ser prática freqüente de uma atividade marcada pelo aporte do artesanal como forma de suprir as deficiências da maquinaria.

Em Juazeiro do Norte, para onde quero deslocar a reflexão que me proponho a desenvolver, o jornal chega em 1090, com “O Rebate”, órgão de propaganda e mobilização em favor da emancipação política do então importante povoado atrelado ao Crato.

Na consulta à coleção deste jornal, disponível na biblioteca do Memorial Padre Cícero, vamos encontrar as primeiras manifestações da xilogravura, na forma de charges políticas — o “Boletim Caricata” — favoráveis à emancipação que se efetivaria em 1911.

Este boletins, em número de quatro, na coleção consultada, (no formato 34,5 x 45,5 cm) estão encadernados com a edição de quatro páginas do semanário e constituem um marco que restou e do que poderia ter sido o primeiro exercício da xilogravura, sem referência à autoria, mas com certeza já recorrendo à mão-de-obra local, de notória habilidade.

Neste mesmo “O Rebate”, vamos encontrar os primeiros poemas e folhetos de Leandro Gomes de Barros e Cordeiro Manso, sob a rubrica “Lyra Popular”, sem dúvida um ponto de partida para a intensa produção e edição de folhetos que se desenvolveria nesta cidade, a partir da década de vinte, com José Bernardo da Silva.

Foi a partir da intensificação da atividade de editor deste alagoano de Palmeira dos Índios, nascido em 1901, que aportou em Juazeiro do Norte como romeiro e trabalha como vendedor ambulantes, que a xilogravura se impôs no Cariri cearense.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Romeirão foi o palco da despedida de Sócrates do Corinthians

Centenário de Juazeiro do Norte # 64

Em 1984, o Estádio Romeirão foi palco da despedida do jogador Sócrates do Corinthians. O atleta defendeu o clube durante seis anos, tornou-se um dos grandes ídolos da "Fiel torcida" e despedia-se para jogar na Fiorentina, da Itália.

O jogo era um amistoso entre o o clube paulista e o Vasco da Gama, do Rio de Janeiro. Como se tratava de um jogo com duas das mais conhecidas equipes do futebol brasileiro, naturalmente arrastou uma multidão e muitos na cidade diziam que o evento era mais um milagre do Padre Cícero — que também estava sendo lembrado na ocasião pelos 50 anos de sua morte.

Recentemente, uma matéria exibida na época foi destaque no Baú do Esporte, da Rede Globo. Na matéria, feita pelo repórter Luiz Ceará (atualmente da Band), temos entrevistas com Roberto Dinamite — ídolo do Vasco e atual presidente do clube — e do próprio Sócrates, que relata seu desejo em ter uma carreira na área de medicina (curso que ele havia concluído em 1977) — o que acabou realizando anos mais tarde.

A partida acabou com o placar de 3 a 0 a favor do Corinthians. Vale citar ainda que Sócrates não encerrou a carreira na Itália: voltou ao Brasil para jogar pelo Flamengo (onde foi Campeão Carioca, em 1986), pelo Santos e, finalmente, pelo clube que o revelou: o Botafogo de Ribeirão Preto. Confira a matéria sobre a partida em Juazeiro do Norte:

Mostra de Teatro de Rua: dias 15 e 16 de junho

Quarta-feira, dia 15 de junho

Era fim de tarde, e a meninada corria de um canto para outro no Calçadão de Jati. A trupe do grupo Armadilha Cênica pede passagem, é o início da brincadeira. Abre-se o terreiro para as histórias. Rapidamente se forma, em volta dos brincantes, um grande círculo. Crianças e adultos se acomodam, da melhor maneira possível, para que nada das histórias se perca. Ao final, aplausos e encantamentos. E a espera para que a trupe, em breve, possa voltar por aquelas paragens.

A Mostra de Teatro de Rua do SESC Juazeiro, em mais um dia de programação, apresentou o espetáculo Terreiro de Histórias, do grupo Armadilha Cênica, no Calçadão, da cidade de Jati, na última quarta-feira. De quebra, a programação teatral do SESC abriu os festejos juninos daquele município.

Por motivos que contrariam as vontades dos organizadores do evento, do público e o dos atores, o espetáculo a Vingança do Finado Joaquim não pôde ser apresentado na cidade de Milagres como constava na programação. Mas, isso não foi motivo para tristeza e a Cia. Anjos da Alegria pôde encenar sua história na cidade de Juazeiro do Norte, em plena Praça Padre Cícero, aproveitando que o público já aguardava por O Apelo do Mosquito. A comédia arrancou risos e aplausos da plateia que passava pela praça no final da tarde de ontem, depois de um longo dia de trabalho.

O Apelo do Mosquito, esquete apresentada logo em seguida, trouxe atores compostos por figurinos que caracterizavam o Mosquito da Dengue. Através de texto cômico, a Cia Wancilu’s, mostrou como se desenvolve e prolifera o mosquito da dengue, dando, através das artes cênicas, um alerta à população

Quinta-feira, dia 16 de junho

Nesta quinta-feira, dia 16, haverá apresentações de espetáculos que já foram encenados nessa mostra, democratizando o acesso do público.

A Comédia da Maldição será encenada em Mauriti, na Praça da Matriz.

Em Barbalha, O apelo do Mosquito, será apresentado às 15h na Escola Nazinha Garcia Sampaio – Sítio Mata dos Dudas.

E encerrando a programação do dia, o espetáculo Juju Juazeiro, do grupo de teatro da Ong Zuíla Lavor, na Praça das Cacimbas, em Juazeiro do Norte-CE, às 17h30.

Texto: Ythallo Rodrigues / Hudson Jorge
Fotos: Leo Dantas / Siqueira Jr.


Para mais informações:
SESC
Coordenação de Cultura
Rua da Matriz , 227, Centro, Juazeiro do Norte-CE
Fone: (88) 3587.1065 / 3512.3355.

Programação do Cine Cariri Shopping - de 17/06 a 23/06/2011

Cine I: Kung Fu Panda 2
(Kung Fu Panda: The Kaboom of Doom, 2011)
Horários: 14h45, 16h40, 18h35 e 20h30
Origem: EUA
Gênero: Animação
Classif.: Livre
Duração: 90 min.
Distribuidora: Paramount Pictures
Lanç. Nacional: 10/06/2011
Sinopse: Po vive agora o seu sonho como o Guerreiro Dragão, protegendo o Vale da Paz ao lado de seus amigos e colegas mestres do Kung Fu, os Cinco Furiosos (Tigre, Garça, Louva-a-Deus, Víbora e Macaco). Mas a nova vida de Po é ameaçada pelo surgimento de um novo e formidável vilão, que planeja usar uma arma secreta para conquistar o império Chinês e destruir o kung fu. Agora, Po deve olhar para o seu passado e descobrir os segredos de sua origem misteriosa, e assim, vencer a força inimiga.
Elenco: Vozes de: Jack Black, Angelina Jolie, Gary Oldman, Seth Rogen, Jackie Chan, Jean-Claude Van Damme, Michelle Yeoh, Dustin Hoffman, Lucy Liu
Roteiro: Jonathan Aibel, Glenn Berger
Produção Executiva: Guillermo del Toro
Produção: Melissa Cobb
Trailer:



Cine II: X-Men: Primeira Classe
(X-Men: First Class, 2011)
Horários: 15h, 17h40 e 20h20
Origem: EUA
Gênero: Ação, Drama (Dub)
Duração: 132 min.
Distribuidora: 20th Century Fox
Lanç. Nacional: 03/06/2011
Sinopse: A trama mostrará a juventude e amizade de Charles Xavier e Erik Lensherr antes de se transformarem nos rivais Professor X e Magneto.
Elenco: Jennifer Lawrence, January Jones, James McAvoy, Rose Byrne, Nicholas Hoult, Michael Fassbender, Kevin Bacon, Zoë Kravitz, Jason Flemyng
Roteiro: Jane Goldman, Ashley Miller, Jamie Moss, Josh Schwartz, Zack Stentz
Produção Executiva: Tarquin Pack
Produção: Gregory Goodman, Simon Kinberg, Lauren Shuler Donner, Bryan Singer
Direção: Matthew Vaughn
Trailer:


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Preço do ingresso (+ pipoca):
De sexta a terça: Inteira: R$8,00 / Meia: R$4,00
Quarta e quinta: Inteira: R$6,00 /Meia: R$3,00

Mais dicas de filmes ou programação de outros cinemas:
http://www.orientcinemas.com.br

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Juazeiro do Norte em 1909* e hoje

Centenário de Juazeiro do Norte # 63

Ao longo do projeto do Centenário de Juazeiro do Norte, através do qual nos propusemos o desafio de lançar cem postagens no blog até a data da comemoração do evento, em 22/07/2011, procuramos trazer sempre informações e curiosidades — do presente e do passado — desta cidade que tanto cresce.

Ao longo da empreitada temos postado algumas fotos que convidam o leitor para entrar num jogo de imagens para tentar supor como era Juazeiro antes e no que está se transformando hoje — pois moramos numa cidade que cresce a passos largos (bem largos, diga-se de passagem)

Extraímos alguns dados de um folder comemorativo do Centenário e vamos postar aqui para dar uma ideia de como era Juazeiro em 1909 e no que vem se transformando desde então.

Juazeiro em 1909*:
tinha mais de 15 mil habitantes
22 ruas;
02 praças iluminadas a querosene;
02 padarias;
03 barbearias;
01 médico;
02 farmácias;
15 alfaiatarias;
18 escolas particulares e 02 públicas;
01 tipografia;
01 jornal semanal;
01 estação de telégrafo;
01 agência dos correios;
01 tabelião;
01 agência de coletoria estadual;
10 lojas de tecidos e armarinhos;
15 fogueterias;
20 oficinas de sapateiro;
02 ourives;
35 carpintarias;
01 fundição que produzia sinos e relógios de torres;
22 engenhos na zona rural;
muitos artesãos produzindo peças utilitárias, decorativas e religiosas;
60 casas de farinha e uma grande quantidade de propriedades agrícolas, cuja produção era comercializada para consumo local numa grande feira semanal e outra parte exportada.

Juazeiro hoje:
A cidade de Juazeiro do Norte está encravada em área privilegiada no contexto do Nordeste brasileiro (Oásis do Sertão). Atualmente possui 244.701 habitantes e conta com um vertiginoso crescimento econômico. A indústria recebe novos e constantes investimentos: o Comércio, que responde por 69,6% do PIB municipal (dados do IPECE), e o Turismo — por conta do componente reiligioso — representam as principais vertentes da estrutura econômica do município.

Dentro desse quadro, destacam-se os seguintes setores:

Calçadista: maior polo calçadista do Norte/Nordeste e segundo do país. As várias indústrias do setor ja atraíram outros seguimentos envolvidos na mesma cadeia produtiva;
Têxtil: dezenas de empresas desse ramo se instalaram na cidade nos últimos anos e já ocupam boa parte do mercado regional, incluindo uma fábrica de máquinas de costura;
Joalheria: são produzidas joias e semijoias de alta qualidade, que são, inclusive, exportadas;
Artesanato: existem muitos artesãos que comercializam seus produtos para o exterior, destacando-se o Centro de Arte Mestre Noza;
Bebidas: seus produtos (refrigerantes e água mineral) são bastante apreciados na região Nordeste;
Construção civil: o setor imobiliário apresenta desenvolvimento acelerado, principalmente para atender à demanda gerada pela implantação do polo universitário no município, o que tem proporcionado lançamento de condomínios horizontais e verticais. Além disso, destaca-se o projeto Minha Casa, Minha Vida, com a construção de 4.000 moradias para famílias juazeirenses;
Metalurgia: algumas indústrias metalúrgicas encontram-se instaladas na cidade, com produção predominantemente voltada para abastecer a construção civil;
Polo universitário: com 11 instituições de ensino superior, públicas e particulares, com 67 Cursos (Graduação e Pós-graduação);
Centro produtor de literatura de cordel e xilogravura;
No ramo de serviços, registram-se 20 Hotéis, com 1.749 leitos em 697 apartamentos; 319 Ranchos de Romeiro e 11 Pousadas com 620 leitos em 380 apartamentos e, aproximadamente, 162 Restaurantes e bares;
Aeroporto Regional com movimentação de aproximadamente 250 mil embarques/desembarques por ano;
Conta ainda com 03 Shoppings Centers: 01 em fase de expansão e 02 em construção;
Grande centro de peregrinação do Brasil.
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Depois de ver como a cidade cresceu no seu primeiro centenário, não sei se dá para supor como a cidade estará daqui a mais cem anos — lógico que provavelmente vai dar uma estagnada em alguns setores, espero que alguns outros melhorem, como o atendimento ao romeiro e atenção maior ao potencial turístico desta cidade.

Enfim, só Deus e o Padre Cícero para suporem.

* Obviamente, sabemos que a emancipação política de Juazeiro foi em 1911, mas como o folder cita o ano de 1909 na descrição do Juazeiro antigo, repetimos o que está impresso na publicação.

Show com Toninho Borbo no Centro Cultural Banco do Nordeste - Cariri



Toninho Borbo (PB)
Quinta-feira, dia 16 de junho de 2011, às 20h
No SESC Crato

Sexta-feira, dia 17 de junho de 2011, às 19h30
No Centro Cultural Banco do Nordeste Cariri

Juazeiro do Norte-CE
Entrada gratuita.

Literatura em Revista no Centro Cultural Banco do Nordeste-Cariri



A proposta do recital é levar ao público da região Nordeste uma mostra da qualidade poética das letras do cancioneiro popular, além de estimular a discussão da questão: letra de música é poesia?

Clique para ver mais informações sobre o recital.

A Palavra Voando
Convidado: Celso Borges (MA)

Dia 15 de junho, quarta-feira, 19h30
Centro Cultural Banco do Nordeste-Cariri
Entrada Franca.
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Mostra de Teatro de Rua: Dias 14 e 15 de junho

Terça-feira, 14 de Junho

Em uma adaptação de Flávio Rocha, da esquete da cearense Sueli Pinheiro, A Vingança do Finado Joaquim, movimentou a cidade de Missão Velha, no segundo dia da I Mostra de Teatro, promovida pelo SESC Juazeiro, acontecida ontem, terça-feira, dia 14 de junho.

O espetáculo é resultado de pesquisas coordenadas por Flávio Rocha no Núcleo de Estudos Teatrais, o NET, no SESC Crato. A proposta foi o resultado final do módulo de Teatro de Rua. Com duração de 30 minutos, o espetáculo foi criado pensando no público passante, no intuito de prender a atenção sem deixar que a plateia se entedie.

Encenado pela primeira vez em 2003, já foi montado em diversas mostras e festivais em todo o estado do Ceará. Segundo o diretor Flávio Rocha, a peça se aproxima do teatro mambembe pela simplicidade e descompromisso com que foi montada. “Teatro de rua tem que ser o mais popular possível, sem muita parafernália. A empatia com o público é o que importa”.

Para a estudante do 1° ano, da Escola Mons. Antônio Feitosa, Welida Alves, um espetáculo em plena praça é uma diversão. “Eu adorei. Gostaria de sempre poder ver algo assim”.

Já sua colega, Regilânia Lima, compartilha da mesma opinião e acrescenta: “Foi uma surpresa ótima, sair do colégio e dar de cara com uma peça acontecendo”.

Stéfani Caroline, do 9° ano, faz questão de revelar: “É a primeiravez que tem algo desse tipo aqui. Foi bom demais, queria que sempre se repetisse”.

Já na acolhedora cidade de Penaforte, o espetáculo apresentado foi a Comédia da Maldição. Um público aproximado em 300 pessoas parou para prestigiar o espetáculo sob uma esplendorosa lua cheia e crianças que brincavam ao redor do círculo formado pelo público que acompanhava a encenação. O cenário foi montado em frente à Igreja Matriz e a apresentação arrancou aplausos do público, inclusive do vigário.

A peça Comédia da Maldição, de autoria do teatrólogo Cacá Araújo, tem um roteiro que mistura lendas e mitos brasileiros e conta a história de uma bela jovem que se amancebou com um padre e foi condenada a uma terrível maldição: virar mula-sem-cabeça!

Quarta-feira, dia 15 de Junho

Em Milagres, A Vingança do Finado Joaquim será apresentada na SOAF (Rua José de Alencar, 296 Bairro Francisca do Socorro), às 16h.

Em Jati, no Calçadão do Centro do cidade, será o espetáculo Terreiro de Histórias, às 16h.

E em Juazeiro do Norte, às 17h30, será apresentada a esquete O Apelo do Mosquito, com duração de 15 minutos, que faz de forma irreverente, uma abordagem sobre a as formas de proliferação do mosquito da dengue.


Para mais informações:
SESC
Coordenação de Cultura
Rua da Matriz , 227, Centro, Juazeiro do Norte-CE.
Fone: (88) 3587.1065 / 3512.3355

Texto: Raquel Paris / Hudson Jorge
Fotos: Leo Dantas
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Show de Toninho Borbo no SESC Crato



Toninho Borbo: Melhor show dos últimos anos

Paraibano movido pela inquietação artística, Toninho Borbo chega ao seu sétimo ano de estrada apontando a liberdade de criação e tencionando limites estéticos através da fusão entre a tradição folclórica e o universo multicultural da música contemporânea mundial. Toninho faz música de qualidade, por isso fechou parceria com o selo Pimba, do Rio de Janeiro, no ano passado. As músicas podem ser adquiridas pelo site da Dubas (www.dubas.com.br).

Dub, afrobeat, samba, rock, música eletrônica e ritmos regionais como o coco e a embolada se misturam no Experimental Samba, o novo show do músico. Antenado na vanguarda cultural brasileira, o som é um mix do violão com colagens e bits eletrônicos. Do show anterior, o Para Fins de Mercado, surgiu uma parceria com alunos de Arte & Mídia (UFCG) que produziram um videoclip do artista com a música É poesia.

(release fornecido pela produção do evento)

Show com Toninho Borbo
Quinta-feira, dia 16 de junho de 2011, às 20h
No Teatro do SESC Crato-CE
Entrada Franca.
+ info: (88) 3586.9171/3523.4444 – ramal 213.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Juazeiro e sua arte em texto do Prof. Cícero de Tarso Dantas

Centenário de Juazeiro do Norte # 62

Como mais uma publicação em homenagem ao Centenário de Juazeiro do Norte, hoje reproduzimos o texto "A evolução da arte em Juazeiro", do Prof. Cícero de Tarso Dantas, publicado na antologia Juazeiro do Padre Cícero (1914-1994), organizada pelo escritor Raimundo Araújo.

A publicação é citada como sendo uma edição comemorativa pelos 80 anos de Juazeiro do Norte — que havia sido comemorado em 1991 — mas o livro foi publicado em 1994. No livro temos artigos de variadas épocas, escritos por diversos autores, abordando assuntos ligados à cidade fundada pelo Padre Cícero. O texto que vamos reproduzir hoje, do Prof. Cícero de Tarso Dantas, fala da tradição do artesanato no Juazeiro e de algumas formas artísticas que se desenvolveram na cidade.

Lamentamos que o autor não tenha passado informações detalhadas das épocas relatadas (anos ou décadas, pelo menos), ilustrando melhor as descrições que ele faz, como do mercado e de toda a movimentação para a compra e venda de produtos artesanais em Juazeiro do Norte. Independente disso, vale o registro de uma visão da tradição artística do município.
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A evolução da arte em Juazeiro
Prof. Cícero de Tarso Dantas

Lembro-me, meninote, anos atrás, quando Juazeiro ainda era pequena, que os mercados e feiras livres representavam o espelho da nossa cultura popular. Claro que, naquela época, não me vinha tal conceito no meu mundo infantil. Hoje, lógico, é que tal ideia estrutura-se na minha consciência.

Admirava-me de tão grande manifestação. A feira estendia-se Rua São Pedro acima e era cortada por três outros quarteirões paralelos, apinhados de bancas, expondo mercadorias. Era esta feira um grande empório nordestino. Nela nos abstraíamos, vendo objetos dos mais variados tipos, das mais estanhas feituras.

Ver os bichos de barro, admirar os cabos dos punhais, comprar carrinhos de lata e madeira, sentir o cheiro dos roupões dos vaqueiros, ouvir o ralhar das mulheres, quando no toque derrubávamos areia prateada das bordas das flores... São hoje reminiscências de uma cultura popular exposta na rua da cidade.

Você pode perguntar — O que nossa arte tem a ver com a expressão da cultura popular? Resposta simples. No conteúdo expresso desta cultura popular, está inserida inseparavelmente nossa arte. Se quisermos compreender a trajetória da arte no Juazeiro, primeiro veremos que a cultura popular, na qual nossos antigos habitantes estavam emergentes, gerou a arte que temos hoje. Só que naquela época, a arte, que sempre atende aos horizontes das necessidades de uma sociedade, fora, de maneira simples, utensiliar, educativa e sacra.

Quero, por fim, fazer-me compreensivo quanto à evolução da nossa arte, desenvolvendo comparações do que foi ontem o drama e o agora teatro. Do que foi há muito arte utensiliar e para o que hoje é conceitual. E de quem foram ontem nossos artesãos-avós, para quem são os artistas de hoje.