segunda-feira, 18 de junho de 2012

Paul McCartney completa 70 anos. Caso não tenha morrido em 1966...



por Luís André Bezerra

O título acima é, obviamente, uma referência a um dos maiores boatos da história do rock: o de que Paul McCartney teria morrido em um acidente de carro em 1966, pouco depois do lançamento do disco Revolver. O boato se espalhou nos Estados Unidos em 1969, fazendo com que muitos acreditassem que o baixista dos Beatles desde o suposto "acidente fatal" fosse apenas um sósia do Paul original, que já estaria em algum lugar do além.

Para tentar comprovar a tese mirabolante (e curiosa) de que isso era verdade — tão verdade quanto o fato do homem ter pisado na lua naquele 1969 — muitos fãs e repórteres sensacionalistas ficavam procurando pistas que comprovassem a substituição de um "Paul morto" por um "quase Paul vivo". Vasculhando os discos de 1966 a 1969, começaram a encontrar pistas nas letras das músicas e nas capas dos discos, tudo isso reforçado pelo argumento-mor: o fato de os Beatles terem parado de fazer shows na época do tal acidente — e vale citar que Paul McCartney realmente havia sofrido um acidente de moto, mas nada grave. E o sonho continuava...

Mas o que importa é que mesmo que esse boato se comprovasse, seria mais uma prova da qualidade fora de série dos Beatles: pois teriam encontrado um sósia tão ou mais genial que Paul McCartney. Pois as obras da banda a partir de 1966 figuram entre as grandes produções da música popular do século XX. Uma das mais idolatradas, Sgt. Peppers Lonely Hearts Clube Band (1967), inclusive, teve notadamente o baixista Paul à frente da maior parte das composições, dos arranjos e das tomadas de decisões junto ao produtor George Martin. Embora John Lennon fosse até então o beatle mais afinado com peças vanguardistas, andava desanimado e passando por problemas pessoais em 1967, deixando a dianteira do trabalho com Paul McCartney. E o Sgt. Peppers é hoje "clássico dos clássicos".

Na virada dos anos 1960 para os 1970, quando "o sonho acabou" — como anunciara McCartney divulgando a dissolução da banda — cada integrante do quarteto de Liverpool teve que seguir seu rumo. De lá pra cá já se passaram mais de quatro décadas e Paul McCartney segue uma carreira profícua e de grande sucesso comercial. Falar da "carreira solo" de cada ex-beatle tomaria este espaço que é destinado a Paul, então vamos nos deter aos trabalhos do baixista.

Em 1970 a trajetória solo começou com o disco McCartney; gravando no ano seguinte (ao lado de Linda McCartney) o clássico Ram; lançando na sequência outros trabalhos notáveis, como Band on the run (com a banda Wings); chegando a obras dignas de nota também nas décadas seguintes, como Tug of war, de 1982, e Flamming Pie, de 1997.

A diversidade da obra de Paul McCartney, aliando a capacidade de emplacar bons trabalhos e obter grande sucesso comercial foram os motes para a matéria "O clássico do pop" (por Paulo Nogueira com reportagem de Barbara Heckler), publicada na Revista Bravo! 159, de novembro de 2010. Reproduzimos abaixo o início do texto:

"Se certas pessoas são uma metamorfose ambulante — de malucos beleza a políticos em busca de votos —, Paul McCartney é uma hipérbole ambulante. Com Macca, tudo é macro. Segundo o livro Guinness, obsessivo com estatísticas, Paul é simplesmente o compositor mais bem-sucedido da história da música popular — auge de uma saga que começou com o Homem de Neandertal batucando a sua clava no couro do pobre bisonte e chegou aos dias de hoje com Lady Gaga saracoteando no YouTube. Não tem para ninguém. E não apenas na esfera comercial, mas também na influência estética.

Claro que McCartney se projetou mundialmente pelos Beatles, a maior banda de todos os tempos. Mas, ora essa, os Fab Four, apesar do seu pedigree incomparável, e da sua alteração de paradigma em áreas que transcendem as partituras, duraram relativamente mixurucos dez anos. Paul tem mais de 40 anos de estrada posteriores ao conjunto. Somados os dois períodos, ele coleciona 60 discos de ouro e vendeu mais de 100 milhões de compactos simples só no Reino Unido. Os leitores do site da BBC, a principal rede de comunicações britânica, elegeram McCartney como o maior compositor do milênio. A mesma BBC atesta que 'Yesterday', composta quando Paul ainda era um Beatle, é a canção mais gravada da história, por cerca de 2,2 mil artistas. Desde o lançamento, em 1965, já foi executada mais de 7 milhões de vezes só nos Estados Unidos. Macca detém também os recordes de permanência mais duradoura no cocuruto das paradas musicais, tanto nos compactos quanto nos álbuns. (...)"

Com tais indicadores, percebemos a simbiose que Paul McCartney alcançou nestas mais de cinco décadas de carreira: sucesso e boa música, chegando aos 70 anos (neste dia 18 de junho de 2012) esbanjando a vitalidade de um jovem beatle (que pôde ser vista nos shows que fez no Brasil, em 2010 e já neste ano de 2012).

Longa vida ao Macca e à sua música!

"Too Many People" (do álbum Ram, de 1971) e "She Came in Through the Bathroom Window" (do Abbey Road - The Beatles, 1969) ao vivo, em 2008:

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