quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Dira: talentosa musa do cinema nacional



por Márcio W. T. Silvestre

Em cada mulher brilha uma estrela. Essa estrela, especificamente, destacou-se no céu paraense com seu talento, criatividade, ousadia e sensibilidade artística. Dira Paes, de batismo Ecleidira Maria Fonseca Paes, tornou-se uma estrela do cinema brasileiro, reconhecida internacionalmente.

Dira nasceu em Abaetetuba, Pará, em 30 de junho de 1969. Desde a infância sonhava em trabalhar com arte dramática, mas tinha pouco recurso para conseguir se formar nessa área, sua vida começou a mudar quando fez seu primeiro trabalho artístico. Diferente da maioria dos artistas nacionais, Dira não iniciou sua carreira no teatro ou na televisão, seu primeiro trabalho foi no cinema em 1985 na megaprodução norte-americana The Emerald Forest (Floresta das esmeraldas) do diretor John Boorman. Dira tinha apenas 15 anos nessa produção, passou em primeiro lugar em todas as fases: beleza, biotipo específico, teste de gravação, texto e atuação improvisada. Assim ela acabou desbancando mais de 500 candidatas e, consequentemente, dando início a uma carreira promissora.

Dira Paes é uma mulher intensa, de personalidade forte, sempre teve uma sensibilidade artística aguçada. O desejo de seus pais, no entanto, era que ela cursasse engenharia em Belém do Pará, mas após seu primeiro trabalho no cinema (The Esmerald Forest) e do seu segundo filme, Ele, o boto (direção de Walter Lima Jr.) Dira se viu totalmente envolvida e apaixonada pelo universo artístico. E assim, em 1987, na busca da realização dos seus sonhos, foi morar na cidade de Rio de Janeiro, onde pôde investir na sua carreira e formou-se em Filosofia e Artes Cênicas pela Uni-Rio, áreas que a ajudaram a entender a psicologia humana e, deste modo, melhor compor seus personagens.

Ainda nos anos 80, Dira fez mais dois trabalhos para o cinema internacional: Au Bout du Rouleau (1988), do diretor francês Gilles Béhart, e Land (1988), de David Wheatley, pela BBC de Londres e filmado em Rondônia. A partir daí sua carreira decolou, agora, no cinema nacional. Sempre trabalhando com grandes personagens, Dira recebeu muitas premiações em produções como Corisco e Dadá (1996, Rosemberg Cariry) interpretando Dadá, uma mulher guerreira e companheira do cangaceiro Corisco. Ela tinha sexto sentido e uma trajetória incrível: Dadá carregava em si o registro importante da história do cangaço brasileiro. Por esse personagem Dira Paes ganhou o prêmio de Melhor Atriz nos festivais de cinema de Brasília, Cuiabá, e Florianópolis.

Ganhou ainda a importante premiação de Melhor Atriz em festivais de cinema pelos filmes O casamento de Louise (de Betse de Paula) e Amarelo Manga (do cineasta pernambucano Claudio Assis). O casamento de Louise foi a primeira comédia que Dira fez para o cinema. Neste filme ela interpretou a personagem Luzia, aclamada pela crítica e pelo público, personagem cômica que transmitia brasilidade e alegria sem cair no caricato. Já Amarelo Manga foi um marco na carreira da atriz: no filme ela deu vida à religiosa Kika, que passa por uma grande transformação após ter sido traída pelo marido.

Apaixonada pela sétima arte, Dira Paes é também idealizadora, cofundadora  e diretora executiva do Festival de Belém de Cinema Brasileiro. Segundo ela, sentia uma carência de produção e circulação de filmes da região Norte. Esse festival está na quinta edição em 2013.
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Márcio W. T. Silvestre é ator/professor de teatro. Trabalha com artes cênicas desde 2004, tem registro no sindicato dos artistas e técnicos em espetáculos de diversão (SATED-CE) e leciona teatro em escolas desde 2009. Atualmente graduando em jornalismo pela UFCA.

Texto originalmente publicado na SÉTIMA: Revista de Cinema (edição 05, de 09 de outubro de 2013), que é distribuída gratuitamente na Região do Cariri cearense. A Revista Sétima é uma publicação do Grupo de Estudos Sétima de Cinema, que se reúne semanalmente no SESC de Juazeiro do Norte-CE.

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