terça-feira, 1 de abril de 2014

'Amarelo Manga' & 'Febre do Rato'



por Elvira Cardoso

Os grandes diretores de cinema têm as suas particularidades e a cada filme dirigido constroem características e simbologias próprias, capazes de serem identificadas em qualquer produção cinematográfica. Não é preciso ir muito longe: de alguns nomes do Brasil que poderiam ser citados, o diretor pernambucano Cláudio Assis ganha destaque pelos filmes que dirigiu. Sua ousadia e criatividade estão muito presentes nos filmes Amarelo Manga (2002) e Febre do Rato (2011). Com quase uma década de diferença, a poesia e a fotografia são bastante ousadas e impactantes nos dois filmes.

Encontra-se desde o cenário urbano realista, em que o espectador identifica facilmente uma parte da população menos favorecida, até o intimo de cada um dos personagens. Por um lado, Amarelo Manga conta uma história de cotidiano, fidelidade, desejo sexual, crenças e seres perversos, com imagens tão cruas quanto nuas de fantasias que são capazes de enojar, como se toda aquele sujeira saísse fora da tela e atraísse para perto aqueles insetos indesejáveis...

Por outro lado, o filme Febre do Rato tem a figura de um anarquista que expressa poeticamente seu desejo de liberdade ao lado de pessoas marginalizadas e desenquadradas dos padrões sociais, fazendo do seu pequeno jornal o seu meio de revolução. A questão estereotipada de beleza não se faz muito presente, como na maioria das produções de cinema, contudo o filme não perde seu tom poético, seu brilho. É bonito de se ver.

A exibição ilimitada de cenas eróticas e a transparência com que é mostrado o desejo e a prática sexual estão presentes em ambos os filmes. Nota-se a necessidade de saciar os desejos carnais com prazer, gozo, nojo e muita poesia.

A fotografia dos filmes é tão linda como a composição poética presente nas duas produções que, dentro daquelas imagens tão opacas, cria-se um brilho notavelmente interessante que muda o significado pesado que a imagem propõe, tornando-os mais prazerosos de se ver.
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Elvira Cardoso é colaboradora do Grupo de Estudos Sétima de Cinema e Revista Sétima.

Texto originalmente publicado na SÉTIMA: Revista de Cinema (edição 08, de 30 de outubro de 2013), que é distribuída gratuitamente na Região do Cariri cearense. A Revista Sétima é uma publicação do Grupo de Estudos Sétima de Cinema, que se reúne semanalmente no SESC de Juazeiro do Norte-CE.

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