terça-feira, 11 de novembro de 2014

Cleivan Paiva faz show no Música ao Pôr do Sol, em Crato, na Mostra Sesc Cariri



Cleivan Paiva - Tons Musicais

Release (da produção): Show com o instrumentista e compositor Cleivan Paiva, contendo um repertório baseado em composições inéditas do autor e intérprete, e também canções do repertório nordestino de música erudita e popular.

O show também terá a participação especial de artistas do Cariri e dos músicos: Claudio Mappa no contra-baixo, Demontier Delamonia na bateria e Silvino tocando gaita.

José Cleivan Paiva é de Simões, Piauí. Cearense por destino no Cariri cearense. Começou a tocar aos 4 anos de idade no cavaquinho de seu pai. Logo após participou de festivais de música do Cariri. Compôs a trilha sonora original dos filmes O Caldeirão da Santa Cruz do Deserto e A Saga do Guerreiro Alumioso. Dividiu palco em shows com Mauro Senise e Gilson Peranzeta, e como guitarrista tocou em shows do multi-instrumentista Hermeto Paschoal. Em 1979 foi selecionado como compositor no Festival de Música da extinta Rede Tupi de Televisão para todo Brasil. Logo após foi selecionado para o segundo Festival Universitário de MPB da TV Cultura de São Paulo.

Em Crato, início dos anos setenta, uniu-se a poetas do Grupo de Artes Por Exemplo, principalmente ao poeta Rosemberg Cariry. Nasceram as primeiras parcerias e vieram os tempos dos "Ases do Ritmo", grupo local de bailes, e as apresentações como compositor no movimento artístico da região. No violão e na guitarra, Cleivan tecia o fio de sua trajetória musical. Tudo lá, registrado no seu fraseado: do toque seresteiro (herança paterna) à batida de Bossa Nova; do ponteio da viola de feira àquela escala ao modo de um velho blue; beatlemania, bandas cabaçais, Jovem-Guarda, rodas de maneiro-pau e Tropicália; balacubaco geral que o artista mais atento e inquieto incorpora sem copiar e devolve sob a forma de composições de extrema originalidade.

Tudo, enfim, sem render-se aos modismos das chamadas "indústrias de cultura". Guerra e Paz é isto aí: uma mostra da materialização dessa longa trajetória sonora, vivenciada na geografia de díspares regiões. Nos anos 70, Cleivan formou, ao lado de Bá Freire, Isânio Santos, Audizio (Tapioca) e Bill Soares (ex- Papa Poluição), o Ave de Arribação.

O grupo arribou mesmo e, fatalmente, atuou em São Paulo: shows no metrô, nas praças e nos teatros da periferia. Quando desfeito, seus integrantes buscaram outros rumos musicais. Cleivan fez (faz) de tudo no ramo: desde gravações, como acompanhante em estúdios, até apresentações em casas noturnas. Também atuou em festivais: na Tupi classificou "Perímetro Urbano" (Nota: Na ocasião defendida por Marku Ribas) , incluída nesse disco (nele rende tributo a Victor Assis Brasil, tocando-a com arranjo do genial saxofonista). Antes disso, participou do Festival Universitário de São Paulo, com trabalhos de parceria com Rosemberg Cariry e Ivan Alencar.

Em 1990, o guitarrista e compositor Cleivan Paiva lançou mais um LP, pela Nação Cariri Discos, cujo título leva apenas o seu nome. Com a maioria das faixas sendo de sua autoria, em parceria com o amigo Rosemberg Cariry, Cleivan traz sua levada com forte influência do Blues às canções , mas sempre com temas bem ligados ao universo nordestino, em especial a Canudos e Conselheiro.

Além de alguns temas instrumentais, canções de amor também estão presentes no disco, como na linda “Porta da Manhã”. Um disco importante na discografia desse artista cujo talento de guitarrista e compositor ainda não foi reconhecido como merece. Com produção do próprio Cleivan, Rosemberg Cariry e Getúlio Oliveira, o disco teve as participações de Tim no contrabaixo, Demontier na bateria e percussão, tendo ainda Silvana Garcia e Olímpia Leite nos vocais. Cleivan toca violão e guitarras.

Em 2005 apresentou seu show no Encontro Internacional de Trovadores e Violeiros, em Quixeramobim-CE. Em 2006 apresentou seu show Cordas do Brasil Canção em Quixadá, no Centro Cultural BNB, na Sociedade de Cultura Artística, na Expocrato, etc. Desenvolve um trabalho de música instrumental em todo o país, valorizando a criatividade e a improvisação, na música instrumental brasileira de vanguarda. Cleivan Paiva já registra três discos gravados. São eles: Guerra e Paz, Cleivan Paiva e Sonhos do Brasil.

Conhecíamos Cleivan através de inúmeras fitas que caíam em nossas mãos, neste circuito ultramarginal, revelador das mais ricas reservas musicais que não estão no mercado. Mas, por aí a obra fica escondida e só os mais chegados têm o privilégio de ouvi-la. É necessário, então, romper o cerco imposto pela indústria fonográfica multinacional, aliada a certos impérios da comunicação vendidos aos seus interesses.

E pinta o inevitável disco independente ou alternativo. Guerra e Paz é mais um nesta desigual batalha contra os "gigantes" que anunciam um certo "marasmo cultural" no atual momento brasileiro e tiram do colete rendosos modismos musicais que vêm "salvar" o país desta suposta indigência criativa. Toda esta farsa se passa na terra de Vandré, Hermeto, Elomar, Cego Oliveira e Chico Maranhão; isto sem falar em tantos outros músicos e compositores de extraordinário talento que só têm suas canções registradas nos cassetes da vida.

São os passageiros daquele trem que avança, conforme escreveu Marcus Venícius: "sem chegar a nenhuma estação/de rádio/sem fazer nenhuma parada/de sucesso!". Até quando permanecerá este boicote contra a mais legítima música popular brasileira? Sabemos apenas que é preciso teimar na resistência, na luta contra este imperialismo cultural.

Foto (detalhe): Daniel Fidelis
____

16ª Mostra Sesc Cariri de Culturas 2014
Música ao Pôr do Sol
Show com Cleivan Paiva
Terça-feira, 11 de novembro de 2014, 17h30
Na Pracinha do Cruzeiro (Ladeira da Integração), Crato-CE
Gratuito.

.

Nenhum comentário:

Postar um comentário