segunda-feira, 11 de maio de 2015

'Deus da Carnificina' (R. Polanski, 2011)



por Wendell Borges

Em uma de suas mais famosas citações, o polêmico diretor Roman Polanski argumentou que seus filmes são expressões de desejos momentâneos, nos quais ele segue seus instintos, mas de um modo disciplinado. Esta comédia irônica lançada em 2011, sobre o comportamento explosivo e teatral da sociedade contemporânea — onde todos tentam agir de uma forma politicamente correta e educada, lutando contra a fúria animal que corre nas veias em todos nós, humanos civilizados — parece traduzir esse desejo instintivo e socialmente reprimido de Polanski.

O roteiro é baseado na peça Deus da Carnificina, da escritora francesa Yasmina Reza (1960). A trama tem início com uma briga entre dois jovens adolescentes, que faz com que o casal Cowan (interpretado por Kate Winslet e Christoph Waltz) vá até o apartamento do casal Longstreet (interpretado por Jodie Foster e John C. Reilly) para discutirem a briga que ocorrera pela manhã entre seus filhos.

O filme inteiro se passa na casa dos Longstreet e gira em torno da briga entre os filhos de cada casal e em suas relações com seus gostos pessoais e vida conjugal. Um prato cheio para que o diretor possa destilar suas observações ácidas sobre as mudanças do comportamento humano quando estes resolvem sair um pouco da civilidade.
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Wendell Borges é professor de Artes e Língua Inglesa e editor do blog arquivoxdecinema desde 2008.

Texto originalmente publicado na SÉTIMA: Revista de Cinema (edição 18, de 07 de maio de 2014), que é distribuída gratuitamente na Região do Cariri cearense. A Revista Sétima é uma publicação do Grupo de Estudos Sétima de Cinema, que se reúne semanalmente no SESC de Juazeiro do Norte-CE.

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