quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Michelangelo Antonioni



por Ythallo Rodrigues

Há 104 anos (no dia 29 de setembro de 1912) nascia em Ferrara, na Itália, um dos grandes realizadores da arte cinema, Michelangelo Antonioni.

Antonioni realizou algumas dezenas de filmes a partir de 1943. Na década de quarenta fez filmes ainda muito ligados ao neorrealismo italiano (Gente del Po, Nettezza urbana e L'Amorosa menzogna são alguns), na década de 1950 os primeiros longas (Crimes da alma, As amigas, O grito) e, a partir de 1960, uma série de obras-primas, que pra mim se encerra com o filme Profissão: repórter, de 1975. No entanto, Antonioni realizou filmes até 2004 (um dos filmes-episódio, do longa Eros), três anos antes de sua morte.

Pra mim Antonioni é tão importante quanto Carlos Drummond de Andrade ou Machado de Assis foram na literatura, e conjuntamente na vida, no meu período de formação intelectual juvenil. Lembro fortemente dos três primeiros filmes, quando eu era ainda um moleque, há vinte anos, que me arrebataram e que talvez tenham sido decisivos pra que eu tomasse a decisão de viver como eu vivo, nesses meus últimos dez anos, pelo menos - como um realizador da arte cinema. Os três filmes foram A noite, de Antonioni, com os magníficos Marcello Mastroianni, Jeanne Moureau e Monica Vitti, o segundo foi Monika e o desejo, de Bergman, e o terceiro, O espelho, de Tarkovski (não menos importantes).

Lembro, como ainda ontem, de como esses filmes me tiraram, felizmente, do meu bom e agradável lugar-comum, daquela zona de conforto adolescente em que quaisquer coisas são facilmente chatas e entediantes, num período da vida em que a paciência, geralmente, não é uma virtude. Foram filmes que me apresentaram um outro tipo de temporalidade e não como linguagem cinematográfica (já que isso eu pouco compreendia), mas o modo como se desenvolviam aquelas histórias, aqueles personagens, e tudo ali na minha frente, de forma pungente e poderosa (eu podia ver e sentir aquilo, ser tocado pelas imagens, pelo cinema), me era mostrado uma outra maneira de perceber e sentir a vida, o cotidiano, a existência, a poesia... Foi um final de semana libertador, não tenho dúvidas. Me trouxe até aqui hoje.
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Ythallo Rodrigues é cineasta, poeta, integrante do blog O Berro e da Filmes de Alvenaria.

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