quarta-feira, 21 de junho de 2017

‘Aos Irmãos Aniceto’, poema de Patativa do Assaré




Aos Irmãos Aniceto

Vocês, irmão Aniceto,
Com a banda cabaçá
É um conjunto compreto
Que faz tudo se alegrá,
Com este turututu
Já andaro pelo Sul
E foro apoiado lá,
Também já foro apraudido
E munto bem recebido
No Distrito Federá.

De prazê tudo parpita
Quando vocês toca e dança
Eu sinto que ressuscita
O meu tempo de criança,
Nesta idade prazentêra
Na festa da Padroêra
Havia no meu lugá
Um parrapapá sodoso,
Atraente e milagroso
De uma banda cabaçá.

Quando escuto satisfeito
Os Aniceto tocando
Sinto dentro do meu peito
O coração balançando,
Balançando de sodade
Daquela felicidade
Que eu vi desaparecer,
Para quem sabe jurgá
É gostoso rescordá
Aquilo que dá prazê.

Destas coisa populá
Que a gente preza e qué bem
Uma das mais principá
De todas que o Crato tem,
Com grande capacidade
Que merece de verdade
Proteção, amô e afeto
É a bela inzecução
Dos três artistas irmão
De sobrenome Aniceto.

O prazê não é pequeno
Quando tá mandando brasa
Esta turma de moreno
Que pertence à mesma casa,
O trancilim é dançá
Gingando daqui pra lá,
Outro vem de lá praqui;
É um trancilim compreto;
Viva os irmão Aniceto
Gulora do Cariri.
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Patativa do Assaré, no livro Ispinho e Fulô (1988).
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