terça-feira, 29 de agosto de 2017

Uma história: aniversário dos cinco anos do Grupo de Estudos Sétima de Cinema



por Raquel Morais

No dia dezesseis de maio de dois mil e dezessete, o Grupo de Estudos Sétima de Cinema completou cinco anos de sua existência/resistência. O grupo surgiu como uma ideia de Elvis Pinheiro, este que já mediava filmes na região do Cariri há nove anos, de estudar a história, teoria e crítica do cinema. Certa vez, em uma de suas sessões no Cine Café, passava um papel destinado aos interessados em pensar mais sobre o cinema, bastava apenas colocar o nome, alguns outros dados de informação pessoal e comparecer às reuniões nas quartas-feiras, no Sesc de Juazeiro do Norte, às 14h; ou na terça-feira, às 19h, no Sesc Crato – esse último grupo durou pouco tempo de vida.

Algumas quartas após a primeira reunião, fui, por curiosidade, a um encontro. Quando cheguei, pensei: «pra quê que eu vim?» Tinha muita gente, e muita gente que eu mal conhecia em um círculo já fazendo a leitura do texto. Tentei me concentrar na leitura, mas eu não conseguia parar de observar e pedir em pensamento que ninguém quisesse minha opinião sobre alguma coisa do que estava sendo lido. As quartas foram passando entre textos e filmes, e me agarrava muito na presença do meu amigo Heriberto como um incentivo para continuar frequentando, esse que tinha me estimulado a fazer a minha inscrição. Ele logo deixou de ir aos encontros, eu continuei.

Durante esses anos, lemos O Que é Cinema, do Jean-Claude Bernardet e Cinema: arte e indústria, do Anatol Rosenfeld, ambos em 2012. Logo em seguida vieram os seminários. Tan dan dam! Grupos foram formados para as apresentações, e para cada reunião, uma parte do livro era debatida. O primeiro a ser apresentado em formato de seminário foi A Estética do Filme, do Jacques Aumont, ainda em 2012; em seguida, em 2013, veio História do Cinema Mundial, do Fernando Mascarello (org.), e também, nesse mesmo ano, experimentamos apresentações individuais com o livro O Cinema no Século, do Ismail Xavier (org.); Introdução à Teoria do Cinema, do Robert Stam e O Discurso Cinematográfico, do Ismail Xavier, ambos foram expostos em 2014. Depois seguimos a debater, agora sem seminários, o livro Cinefilia, de Antoine de Baecque, em 2015; O Que é o Cinema?, de André Bazin, em 2016; e estamos atualmente lendo A Linguagem Secreta do Cinema, do Jean-Claude Carrière. A proposta desse ano é direcionar o nosso olhar para o cinema brasileiro.

No mês de janeiro não tem reunião semanal do grupo, os encontros passam a ser quase que diário, já que estamos na produção da Mostra 21 – essa que traz vinte e um dias consecutivos exibindo filmes gratuitos, onde muitos desses estão fora do circuito comercial. Em fevereiro seguimos para a maratona do Oscar, agora já tendo os encontros, debatendo os livros, organizando os coquetéis de lançamento da revista Sétima de Cinema – esta que teve seu primeiro lançamento em onze de setembro de dois mil e treze. O grupo também produziu o seu primeiro curta-metragem, Sales e Salas, em dois mil e dezesseis, passo esse tão aguardado.

A idade dos cinco anos na criança é caracterizado por deixar de lado parte de sua dependência. O grupo está se renovando e criando, ou tentando criar, a autonomia de uma criança de cinco anos, esta que já se apropriou de sua linguagem. Autônoma, ela argumenta, quer entender fazendo associações do mundo externo para esclarecer a linguagem secreta do seu mundo interno. Espero continuar crescendo junto com essa criança. Espero que outros tantos possam também acompanhar o seu amadurecer. Fica aqui o convite.
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Raquel Morais assim se apresenta: uma “sei-lá-o-que” que gosta de cinema.

Texto originalmente publicado na SÉTIMA: Revista de Cinema (edição 40, de maio de 2017), que é distribuída gratuitamente na Região do Cariri cearense. A Revista Sétima é uma publicação do Grupo de Estudos Sétima de Cinema, que se reúne semanalmente no SESC de Juazeiro do Norte-CE.

Textos recentes da Revista Sétima postados no Blog O Berro:
- Longe deste insensato mundo
- Relato de viagem durante a IX Janela Internacional de Cinema do Recife
- ‘O Leitor’, filme de Stephen Daldry (2008): resenha crítica
- Meus 10 melhores filmes de todos os tempos, por Samuel Macêdo do Nascimento
- Na escuridão, te dedico. Sobre O Paciente Inglês
- I Love B Movies
- Meus 10 melhores filmes de todos os tempos, por Émerson Cardoso
- V de Ideia

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